Autoria: Flávia Macêdo

INTRODUÇÃO

Esse guia foi criado com o intuito de familiarizar líderes comunitários, agricultores e artistas com o conceito de Comunidade que Sustenta a Arte e a Agroecologia (CSAA) e introduzir os passos iniciais para a formação de uma comunidade com essas características.

O termo CSAA foi criado por membros e parceiros da Muda para descrever a experiência de coletivos que combinam o modelo de produção das CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura) com o trabalho artístico e a agricultura agroecológica. 

CSA é um método de produção e comercialização de alimentos ecológicos que surgiu na década de 70 e hoje é reproduzido ao redor do mundo. Nesse modelo, o pagamento de uma mensalidade transforma os consumidores em co-produtores, aproximando-os do agricultor e garantindo a destinação dos alimentos. Os co-produtores recebem semanalmente uma cesta de alimentos sazonais de acordo com a produção, e compreendem que não se trata de uma compra antecipada, mas sim de um suporte financeiro e político à agricultura familiar ecológica em detrimento da agricultura industrial.  

Dessa forma, o agricultor que conseguir fidelizar um grupo de famílias consegue formar uma comunidade que o sustenta. Já o nosso conceito de CSAA adiciona a esse modelo a importância de também sustentar o trabalho artístico associado ao plantio e colheita, e indica a agroecologia como principal referência de agricultura ecológica. 

A Muda é uma comunidade que possui sua própria moeda social e atua apoiando as CSAAs através da parceria com a instituição filantrópica Saúva, que realiza o suporte financeiro em Reais para que as cestas produzidas pelas CSAAs possam ser disponibilizadas na plataforma da Muda. Assim, os membros da Muda conseguem adquirir alimentos agroecológicos com a moeda social e se tornam co-produtores das CSAAs. 

Atualmente a Muda possui 6 CSAAs parceiras espalhadas pelo Brasil, e com base nas experiências dessas comunidades identificamos aspectos gerais para a implementação de uma CSAA, conforme descrito abaixo.*

*Não há um processo definido para a criação de uma CSAA. Cada comunidade é única e as etapas de implementação devem ser adaptadas de acordo com as particularidades de cada iniciativa.

I - ENCONTRE UM TERRENO 

O fator principal para a criação de uma CSAA é disponibilizar de uma área útil para plantio. O terreno a ser usado pode ter diferentes dimensões e características, e esses aspectos irão influenciar na capacidade de produção da CSAA. 

Existem também diferentes formas de conseguir um terreno. Em alguns casos a CSAA é implementada na propriedade privada do agricultor. É possível também arrendar um terreno e incluir os custos do aluguel no valor total a ser arrecadado com os co-produtores. Em algumas localidades existem terrenos públicos destinados ao uso comunitário que podem ser utilizados, ou terrenos de empresas e outras propriedades privadas que podem ser cedidas.  

Nessa etapa, o importante é a observação e a investigação. Ao observar um terreno improdutivo, vale investigar a propriedade e a possibilidade de uso para o plantio agroecológico. 

II - MONTE A EQUIPE 

Apesar de ser uma comunidade que envolve a participação de diversos co-produtores, uma CSAA necessita da dedicação de pessoas para exercer algumas funções essenciais:

1. CONHECIMENTO AGROECOLÓGICO E PLANEJAMENTO DO PLANTIO 

A agroecologia é considerada uma ciência moderna que tem suas raízes na prática tradicional de agricultores e comunidades rurais ao redor do mundo. Ao combinar o conhecimento científico ao conhecimento ancestral e popular, a agroecologia visa o redesenho sustentável de agroecossistemas, considerando também os aspectos ambientais, sociais, culturais, éticos e políticos da agricultura. Muito popular no Brasil, essa metodologia se utiliza de práticas e princípios observados nas florestas, como o equilíbrio ecológico, sucessão natural, consórcio de espécies, solo vivo, cobertura de solo, etc.*

*A agroecologia leva em consideração as especificidades locais para a determinação das técnicas usadas. Existem outras agriculturas de base ecológica que se desenvolveram ao redor do mundo e contém suas particularidades conceituais, culturais e metodológicas, ex.: agricultura regenerativa, orgânica, biodinâmica, biológica, natural e ecológica. Dependendo da biorregião, cabe uma investigação sobre a agricultura de base ecológica mais adequada ao território.

João Portella - Engenheiro Agrônomo e consultor de agroecologia da CSAA Jardim da Delícias.

Jardim da Delícias - à esquerda, equipe da Muda no primeiro dia de plantio orientado pelo João Portella. À direita, os mesmos canteiros 3 meses após o plantio inicial. 

Assim, para montar uma CSAA é necessário que haja ao menos uma pessoa com o conhecimento técnico e teórico para orientar os outros na realização das tarefas e para planejar o plantio agroecológico. Hoje é possível encontrar muito conteúdo online e interagir com diferentes grupos e associações sobre o tema. Caso não exista no seu círculo uma pessoa com esse perfil e interesse, é possível buscar algum consultor para assessorar a comunidade de forma contínua, ou investir na formação de membros da equipe. 

Por exemplo, na plataforma da Muda o criador de uma das CSAAs parceiras oferece consultoria online para a criação de uma CSA. 

Plataforma da Muda - tela da plataforma com a oferta de ‘Consultoria para iniciar uma CSA’ feita pela CSAA Confraria da Horta

2. IDADOS DIÁRIOS

Ainda que as técnicas de plantio agroecológico tenham como efeito a redução do trabalho do agricultor quando comparado com outras técnicas de plantio, ainda assim o manejo sempre é bem-vindo e necessário. Além disso, muitos fatores podem influenciar na demanda de trabalho e cuidado necessária, como por exemplo as condições do solo e o estágio de plantio e colheita. 

Quanto ao trabalho em si, a lógica de mutirão deve ser aplicada sempre que possível. No entanto, em muitos casos é necessário determinar uma pessoa, ou promover o revezamento entre algumas pessoas de forma que todo dia alguém possa realizar as tarefas simples de manejo e cuidado do espaço, como a capina seletiva e a rega.    

3. CAPTAÇÃO DE RECURSOS E GESTÃO

Além da produção agroecológica, outras funções de gestão de pessoas e recursos são fundamentais para o funcionamento de uma CSAA. Inicialmente, é necessário que uma pessoa fique responsável pelo planejamento financeiro dos custos e recursos necessários para as atividades de plantio e colheita. E a partir disso calcular quantos co-produtores serão necessários para o funcionamento da CSAA, além de gerenciar o recebimento e prestação de contas dessas assinaturas.

Depois de ter um orçamento definido, já é possível partir para a captação de recursos, o gerenciamento da comunidade e a produção de conteúdo. É importante também preestabelecer uma pessoa para ficar responsável por essas funções administrativas e manter o foco na próxima etapa. 

III - CONSTRUA UMA COMUNIDADE

O trabalho em uma CSAA pressupõe que os co-produtores também são co-responsáveis e parte fundamental da produção agroecológica. Para que isso ocorra é fundamental um processo contínuo de educação e acompanhamento.  

É unanimidade entre os líderes de CSAAs que um dos principais desafios enfrentados é garantir o entendimento dos co-produtores sobre a lógica de fortalecimento mútuo da CSAA que difere da tradicional lógica de consumo e exigência que estamos acostumados. Para que a parceria entre produtores e co-produtores seja bem sucedida é preciso investir na reeducação dos co-produtores e de toda a comunidade ao redor da CSAA, através da produção de conteúdo e eventos. 

Seguem abaixo algumas atividades para a construção e fortalecimento da comunidade: 

1. ENCONTRE OS CO-PRODUTORES

Existem diferentes técnicas possíveis para encontrar os membros da sua comunidade. A CSAA Terra Orgânica começou sua organização através de uma ação de compostagem comunitária e para encontrar os voluntários bateram de porta em porta convidando os vizinhos a separar e doar seus resíduos orgânicos. Além disso, organizaram o terreno com placas de sinalização artesanais, bancos perto de árvores frutíferas e outros ambientes coletivos agradáveis para atrair os vizinhos e transeuntes, que por fim se apropriaram do espaço da horta como um espaço coletivo. 

No caso da CSAA Confraria da Horta, seus iniciadores enviaram mensagens para todos os familiares e amigos convidando-os para o projeto. Como metáfora atrativa, explicaram que seria como se todos fossem proprietários de um sítio, porém sem tantos custos e tanto trabalho, já que os iniciadores seriam como caseiros e compartilhariam os alimentos produzidos. Posteriormente, conseguiram uma parceria com uma escola Waldorf da região, e lá encontraram muitos apoiadores e co-produtores entre os pais e membros da comunidade escolar.

Atualmente, com o amplo uso das redes sociais, elas também podem ser usadas para atrair novos membros interessados em ações sustentáveis e alimentação orgânica.    

Além de procurar por pessoas e famílias, outra estratégia importante é pesquisar por outras comunidades, e coletivos. A Muda por exemplo é uma comunidade e rede de fomento que atua como um co-produtor. Muitas outras comunidades, empresas, e patrocinadores estão buscando incentivar ações regenerativas e sustentáveis como as CSAAs, representando assim um campo fértil para parcerias.  

CSAA Terra Orgânica - ação de compostagem 

2. ESTABELEÇA OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO 

Independente da técnica ou conjunto de técnicas utilizadas para encontrar seus co-produtores é importante esclarecer os meios de contato que serão usados para mantê-los informados e participativos. Aplicativos de mensagem em grupo, website, redes sociais, todos se mostram úteis nesse processo. Escolha os que melhor satisfazem a necessidade de seus membros e compartilhe os endereços. 

3. CRIE E COMPARTILHE CONTEÚDO EDUCATIVO 

Fazer parte de uma CSAA envolve uma mudança em toda nossa relação com a comida. Começando com o contato com a terra e os produtores dos nossos alimentos, passando pela compreensão da sazonalidade e territorialidade das espécies, seguindo pelo descobrimento de alimentos não convencionais e novos sabores e receitas, e principalmente acessando a corresponsabilização pelos riscos e inviabilidade de certos comodismos e exigências. Para algumas pessoas essas mudanças são celebradas junto com toda a cadeia de produção de alimentos agroecológicos que fazem bem para nosso corpo, para o ecossistema e para a comunidade local.   

Porém, para pessoas que buscam apenas alimentos sem veneno ou que não se importam com o impacto socioambiental da agricultura industrial, essas mudanças podem ser incompreendidas. Para acessá-los e difundir a motivação na construção de uma CSAA é muito importante o compartilhamento de conteúdo educativo sobre agroecologia e o modelo de CSAA. 

Por sorte, muitos coletivos já criaram e compartilharam seus conteúdos. Com uma simples busca pelos termos ‘CSA’ ou ‘agroecologia’ é possível encontrar muito material de suporte para a criação e adaptação de um conteúdo que eduque sobre os conceitos por trás da sua iniciativa e que tenha a voz da sua comunidade.  

A fim de quebrar os paradigmas esse trabalho de conscientização e educação deverá ser constante. 

4. ORGANIZE MUTIRÕES E VOLUNTÁRIOS 

Uma das formas mais impactantes e eficazes para aprender o real significado de uma CSAA é colocando a mão na terra.  Por isso o termo co-produtores, para indicar que as pessoas consumindo os alimentos também são produtoras, também podem e devem experimentar o trabalho de cultivar seus próprios alimentos. 

A lógica de mutirão, além de ser uma atividade em comunidade que aproxima as pessoas e ressignifica o tempo junto na natureza, possibilita que um trabalho massivo seja redistribuído de forma leve entre todos os integrantes.  

Sendo assim, deve-se planejar mutirões de todos os níveis de complexidade e durante todo o ano. Além do plantio, é possível pensar em mutirões para organização e cuidado do espaço, para que fique acolhedor para todos. E o convite deve ser estendido para todas as famílias, crianças e idosos, e também para outras comunidades e parceiros. 

A CSAA Confraria da Horta realiza mutirões em parceria com escolas, ONGs e outros coletivos. Eles recebem os membros desses grupos em seus mutirões e em troca da ajuda com a mãe de obra a CSAA oferece consultoria para a criação de hortas nos espaços dos parceiros. Estão organizando também eventos com a lógica ‘plante e pegue’, onde pessoas podem visitar o espaço, participar das atividades e sair com uma cesta de alimentos. 

“Só sai agrofloresta quando houver mutirão e muita festa" é o trecho de uma canção muito cantada nessas ocasiões. Nela fica nítido a importância da celebração para o resgate dessas formas de trabalho coletivo. Esse trecho ressalta a importância da arte para nutrir nossos espíritos enquanto trabalhamos a terra e tornar o trabalho ainda mais leve. Em um item abaixo iremos abordar em mais detalhes como associar a arte às atividades da CSAA. 

CSAA Confraria da Horta - mutirão e oficina de agroecologia 

CSAA de Santa Teresa - mutirão de plantio de ervas e temperos 

CSAA de Regência - mutirão para construção de sistema de coleta de água de chuva

5. FORNEÇA ATUALIZAÇÕES CONSTANTES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA PLANTAÇÃO E DO ESPAÇO

Longe dos mutirões é necessário continuar envolvendo os membros da comunidade com o desenvolvimento das atividades na CSAA. Alimentar os meios de comunicação com fotos e depoimentos ajuda a manter o sentimento de pertencimento dos membros mais distantes. Compartilhar a paixão e admiração por toda vida sendo cultivada pela CSAA mantém acessa a chama e o prazer de ser um dos colaboradores de um espaço coletivo como estes. 

6. CONSTRUA REDE E FAÇA PARCERIA COM OUTROS PRODUTORES 

É sempre bom lembrarmos que não estamos sozinhos. Por mais inusitado que essa proposta pareça existem muitas outras pessoas espalhadas pelo mundo tocando ou querendo tocar projetos assim. Para fortalecer sua comunidade é interessante também participar de redes que possuem o mesmo propósito. 

No Brasil, existem muitos grupos, associações e feiras que reúnem produtores agroecológicos. A Associação Comunitária CSA Brasil realiza diversas atividades em rede e possui um mapa das iniciativas. Eles fazem parte da Urgenci, que se propõe a ser uma rede internacional de CSAs e projetos agroecológicos. Muitas outras associações como essas existem por aí, e fazer parte de uma delas irá fazer a diferença para a troca de conhecimento e crescimento de sua comunidade. 

Por exemplo, participar de uma feira agroecológica poderá trazer outros co-produtores, ou até parceiros agricultores que podem te ajudar a diversificar sua produção, incluindo e compondo uma cesta com uma maior diversidade de alimentos. 

CSAA Arandu - barraca da CSAA na Feira Agroecológica de Anapólis

IV - PROMOVA ATIVIDADES ARTÍSTICAS E CULTURAIS

“Agricultura é a arte de colher o sol”, se analisarmos nessa perspectiva o plantio agroecológico é uma arte por si só. Poder multiplicar as formas de vida no solo, aumentar a biodiversidade de insetos e plantas, promover a sintropia através de técnicas que incentivam um aumento de todas as formas de vida de forma natural e sustentável. Esse processo é a arte do homem reencontrando o seu lugar na natureza.  

E nada melhor do que a junção de várias formas de arte para garantir o completo deleite de nossos espíritos e almas. Para a rede da Muda, as CSAAs são fontes de alimento para o corpo e para a alma. 

Assim como na agricultura sustentável, o paradigma atual muitas vezes é desfavorável e não incentiva os trabalhadores da cultura. Incluir representantes desses dois nichos extremamente fundamentais para o sustento da nossa saúde e bem-estar é muito potente e impactante.

Para conquistar isso, incentivamos a inclusão de artistas na rede de co-produtores das CSAAs, para que mais artistas possam participar dos mutirões e ser beneficiados com as cestas de alimentos. 

Basta buscar na sua rede artistas e produtores culturais e incluí-los no convite para compor a equipe ou participar como co-produtor. No caso da CSAA Arandu, a escassez de trabalho durante a pandemia fez uma família circense experimentar a vida como agricultores. Isso trouxe a magia do circo para o plantio e originou o primeiro caso de CSAA da rede Muda. 

Na CSAA Terra Orgânica foi realizada uma chamada para os membros da comunidade indicarem artistas em necessidade para receberem as cestas de alimentos em troca de participação nos mutirões e outros eventos. Tornar os mutirões em celebrações com música, comida e dança aumentou muito a satisfação dos voluntários e as trocas entre os membros.

CSAA Arandu - palhaços da Cia Boca de Lixo e membros da equipe da CSAA

CSAA Terra Orgânica - chamada para segunda edição do evento “AMANHO: cantar, tocar e plantar”

V - PROMOVA UMA ECONOMIA SOLIDÁRIA 

Dentre os princípios da agroecologia há a valorização da solidariedade e a união entre as famílias do campo na busca de melhorias. Para isso, as famílias historicamente se utilizam de variadas formas de cooperação no trabalho, na produção e na comercialização. Os mutirões são uma dessas técnicas de ajuda mútua muito utilizada.

 A troca de excedentes de produção e a organização em cooperativas representam outros mecanismos de uma economia solidária que possibilita a inserção dessas famílias em mercados maiores.  

Existem inúmeros benefícios diretos de aproximar o consumo da produção por meio de mercados locais, como menor custo e melhor qualidade dos alimentos. E hoje a tecnologia pode ajudar na construção desses mercados e no direcionamento dos consumidores aos produtores agroecológicos, como através do uso de moedas sociais e complementares. 

Ao usar uma moeda social como a Muda, os membros da comunidade têm seu poder de compra restrito aos comerciantes da rede, o que inevitavelmente aumenta as trocas internamente, e apresenta e aproxima o produtor de alimentos aos outros membros da comunidade.  

Na plataforma da Muda, as cestas de alimentos agroecológicos são as ofertas mais vendidas e procuradas. Em uma mesma rede de apoio conseguimos fortalecer produtores agroecológicos, artistas, e pessoas em situação de vulnerabilidade. Através da circulação da moeda social muitas pessoas que normalmente não conseguiriam acessar alimentos orgânicos e agroecológicos, hoje os consomem e estão acostumadas a receber alimentos sortidos, até exóticos e compartilhar conhecimentos antigos e novas receitas. O que exemplifica como as moedas sociais podem intensificar uma economia solidária, 

Criar uma moeda social tem seu grau de complexidade, mas existem plataformas que auxiliam esse processo ao fornecer uma interface tecnológica. Como é o caso da Cambiatus, plataforma utilizada pela rede da Muda. Além da opção de criar uma moeda própria para seu mercado local, você pode buscar comunidades que já tenham uma moeda e estejam alinhadas com seus valores e de seus parceiros. 

REFERÊNCIAS 

A CARTILHA AGROECOLÓGICA - Instituto Giramundo Mutuando

Community Supported Agriculture (CSA) Resource Guide for Farmers - NC State Extension